"O meu coração gosta do teu", sussurei baixinho para não ouvires.
Disse-te também que não era esperado, mas que te sentia a falta todos os
dias, mas que não sabia como te dizer, porque temia que as saudades e a vontade
de querer não existissem desse teu lado. Não na mesma amplitude.
Quis que ouvisses que ontem chorei de tristeza, com um aperto enorme no
peito. E que jurara a mim própria não querer mais sentir esse nó na minha alma
mas que sim, tu voltaras a fazer sentir-me sozinha no silêncio da noite que me
impedia de sonhar.
"O meu coração não sabe se gosta do teu", respondeste baixinho para eu não
ouvir.
Quiseste que eu ouvisse, sem palavras, que não me sentes a falta, que não
queres estar comigo todos os minutos possiveis das nossas vidas. Porque esses
minutos a qualquer momento podem terminar, pelas mais pequenas razões, mas
mesmo assim não necessitas desses minutos, porque no teu peito não tens um nó
que te faça perder o sono porque, na tua alma, nunca estás sozinho. Porque a
tua solidão é a tua companhia, e eu nunca conseguirei vencer essa tua amante a
quem, com tanta força, te agarraste.